Circuito Estradafora 2012

Postagem: 03 de setembro de 2012

Sem regras

Pela regra da gramática hoje seria o dia do ponto final…

Pela regra do tempo, hoje amanheceria e seria um novo dia com novos começos…

Pela regra do meu dia, desobedeço a ambas as regras, e fujo para dentro de minhas memórias…

Desse espaço que nasceu uma flor e com ela nasceram também os espinhos, o processo foi de vários longos dias cansativos e prazerosos.

Havia de tudo, era do gozo à dor em fração de segundos…

Eram sempre as mesmas pessoas, as mesmas faces que você olhava ao acordar e ao dormir, agonizava a vontade de estar só sem conseguir, pra isso só invadindo o terreno dos vizinhos que nunca haviam te visto, eram solos estranhos, de onde não sabia o que se plantara…

Foram tantos abraços, que se pudesse guardaria um por dia, para ter no ano todo, uma porção deles…

Foram sorrisos e aplausos, qual palhaço não precisa dessa combinação?

Foi sorte e azar, tempestade de vento à calor escaldante…

De horas a fio dormindo, há horas a fio suando…

Mas não me lembro de uma gota de suor que tenha derramado que não tenha sido gozando… Era muito prazer, confesso, tive vontade de chutar tudo, mandar todo mundo pra aquele lugar, fugir para o colo da minha mãe, mas ela estava longe demais e eu, velho demais pra fugir das minhas misérias.

Foram lágrimas e risos, de soluços de saudade à gargalhadas compartilhadas…

Teve beijos e solidão…

Tudo isso num curto período do tempo que a vida resolveu me dar, e me deu, esfregou na minha cara que eu poderia viver com pouco e ser muito feliz, que eu conseguiria ultrapassar alguns limites e me provar que sou capaz. Sim, pois, muitas vezes duvidei de mim mesmo, mas  eu me maquiava, me alongava, me aquecia e quando entrava em cena não podia ser eu ali, ou melhor era eu ali compartilhando meu ser com outro amigo que habita dentro de mim…

Agora escrevendo canto uma canção de ninar, para todas essas lembranças dormirem em paz, elas voltarão assim como todos esses fatos, a vida segue seu ciclo e agora volto com memórias repletas de alegria, colocando aqui meu ponto final.

Texto: Peterson Ricardo (ator do espetáculo ” A flor”)

Revisão: Suiara Zamarioli (diretora de comunicação)

Postagem: 21 de agosto de 2012

MAIS UM DIA

Eu, na praça de Taquarituba, onde escrever faz parte do cenário.Chego e me achego no canto do parque que é meu. Meu nada, é da cidade, é do povo, é da gente, então logo, é meu.

Pois bem, cheguei com minha “casa” itinerante, liguei minha água, botei meu violão no colo do meu amigo e tocamos aquela moda de viola, mas era violão, eu sei, mas a moda era de viola…

Demos risadas, paramos de rir, era hora de coisa séria, coisa de gente grande, era hora de trabalhar.

Fui montar minha outra “casa”, que não é minha, é da criança, do jovem, do velinho, onde tudo acontece e sempre acaba em alegria.

Era hora de levar risada, cheguei , me acheguei naquele canto que posso dizer que é meu, pisei no palco e senti o pé gelar, ele estava gelado,  só funciona com o calor humano, de pó branco na cara e de bochecha vermelha, meu santo anjo nas costas, e tudo ia virar riso…

Coloquei o pé em cena e na cena virei do avesso, dei lugar há alguém muito travesso, ele é assim, aparece dentro de mim e quando vejo estão rindo sem fim, não é comum, eu por mim mesmo não consigo tirar um sorriso tão fácil, mas ele é ágil, vem pra me ajudar e me faz ser quem eu não sou, ele é amigo de quem tá lá na casinha que não é minha, é da criança e da velinha.

Ele vai embora sem se despedir, mas não fico triste não, ele aparece, tem hora e lugar marcado. Nosso encontro é especial, ele guarda o melhor dele, eu reservo o que tem melhor em mim, assim celebramos a arte de ser artista.

Vou-me embora pra casa que está na praça, que é da cidade, que é da gente, que é minha.

Deito e dou as costas para tudo aquilo que no meu dia me tirou o riso, não dou bola para o pranto, me ajeito no canto, canto um canto com meu anjo comigo, durmo sorrindo o fim de mais um dia.

Texto: Peterson Ricardo (ator do espetáculo “A flor”)

Foto:  Gisele Carneiro

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:14 de agosto de 2012

Primeiros passos

Em Mirante do Paranapanema tivemos o prazer de passar mais dias na cidade e descobrimos que na Casa de Cultura aconteciam várias oficinas, entre elas; aulas de teatro para adultos e crianças, dança nordestina, dança Japonesa e outros.

Nos preparamos para fazermos a intervenção e saímos às ruas da cidade, cantando e tocando. No meio da cantoria das ruas centrais fomos interrompidos pela Nelma Mélo, artista orientadora do Clube do Meio Artístico que trabalha ministrando as oficinas. Nelma acabou participando conosco da intervenção na rua. Uma delícia que só vendo mesmo! As oficinas oferecidas no espaço são as primeiras oficinas de arte realizadas em Mirante do Paranapanema. O primeiro contato dos moradores com teatro e a dança é um marco há meu ver.

Na correria de montagem e apresentações não conseguimos prestigiar as aulas de dança e as de teatro só acontecem aos sábados e nesse momento já estaríamos pegando estrada para seguir o roteiro. Muitos alunos compareceram até na estrutura do Projeto Circuito Estradafora e assistiram ao nosso espetáculo “A flor”, alguns diziam orgulhosos que também atuavam com a Nelma.  O sábado amanheceu e era hora de ir embora. Nelma veio se despedir. Preparamos as coisas para partimos… e surpresa! Ops! Mudança nos planos. Vamos ficar e sair depois do almoço. Depois dessa boa surpresa, não pensei duas vezes,  fui até a Casa de Cultura acompanhar a oficina.

São crianças com idades de 06 aos 12 anos. A grande maioria bastante envergonhada e Nelma ali, os ensinando a tirar a timidez que vaza numa tensão nas mãos, nos pés, que fazem com que os joelhos endureçam e que a cabeça fique baixa. Vai chegando um, depois outro e tem dias que chegam no horário só pra dizer “Professora, eu não venho hoje, ta?”. Como são pequeninhos é compreensível que ainda não tenham essa disciplina que o teatro exige.

Sentados ouvindo cada palavra, cada gesto ou referência que a Nelma traz compreendem facilmente as indicações a respeito do espetáculo de rua que estão montando. Vão apresentar sim e na rua pra ser ainda mais histórico. Tiram cópias do texto e enquanto Nelma passa cena com um, os outros não perdem tempo e passam o texto juntos. Distraem-se. Sentem sede. E todo mundo coloca a mão na massa quando o assunto é produção. O boi que será usado no espetáculo tem um pouquinho de cada um. O vestido que a personagem Catirina usará é feito por eles mesmos. E o melhor: tudo reciclável. No vestido, por exemplo, serão usados vários copinhos descartáveis. Eu fiquei ali também ajudando a separar os copinhos junto com eles.

O nome do espetáculo é “Cortejo para um enforcado” e vão estrear no aniversário da cidade  em Novembro. Andando nesse terreno tão desconhecido que é o teatro nem pensam nos riscos e dificuldades que um artista profissional tem, mas no momento não é isso que importa… É lindo ver duas crianças brincando de ser um personagem, na verdade nada tão distante do universo os rodeiam. Brincam, divertem-se com os erros, ficam nervosos quando erram. Tudo é espetáculo. Lorraine que faz a personagem Catirina defende fielmente seu papel. Há quem narre a história e quem já toca bateria e que na apresentação tocará instrumentos feitos com materiais recicláveis. Cada um faz o que tiver vontade é bonito ver essa oportunidade de experimentar. Talento todos tem dá pra perceber que o que eles precisam é de um espaço que crie esta oportunidade de se desenvolverem. Os futuros artistas de Mirante do Paranapanema já nasceram, estão ali, começando bem cedinho e já puderam contar com meu incentivo, inclusive adoraria ver a estréia desses pequenos. “O cortejo para um enforcado’’ que é dramaturgia de Nelma Mélo. No enredo, tem música, tem canto, tem briga, tem casamento, tem bêbado. Tem tudo que conta uma boa história. Sem dúvidas ficarão lembrados na história do Município com esse primeiro e importante passo no caminho das artes. Eu daqui, encerro do mesmo jeito que me despedi de todos, gritando bem alto: MERDA, Criançada! MUITA MERDA!

Ainda quero compartilhar aqui com vocês aqui no blog algumas fotos que a belíssima fotografa Gisele Carneiro registrou em Mirante do Paranapanema. Em breve… Em breve…

Texto e foto:  Felipe Freitas (ator do espetáculo “A flor”)

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:08 de agosto de 2012

O garoto Vinícius

Deixamos Santana do Itararé, no Paraná e lá também ficou o Vinícius, um garotinho de quatro anos que fará parte das nossas histórias sempre que lembrarmos com carinho as crianças que cruzam o nosso caminho.

O Vinícius chegou de mansinho, logo no dia da montagem, parecia estar sozinho. Quando ele apareceu à noite no trailer nem tivemos tempo de perguntar o que fazia ele ali com a gente sozinho, mas descobrimos, havíamos montado a estrutura do projeto dentro do Campo de Futebol local onde ele mora com a família. Comendo salgadinho começou a tagarelar que não parava mais. Pergunta dali. Resposta daqui. Sentando no sofá ficava observando tudo, com olhos atentos, inocentes, puramente inocentes. Nós ali feito bestas por receber uma visita tão agradável aquela noite. Entrávamos no jogo de criança e fazíamos as perguntas mais obvias do mundo só para ouvi-lo responder. Realmente estávamos abestalhados com o menino. Depois de tanto conversar o pai de Vinicius apareceu e o chamou para casa.

No dia seguinte, prontos para entrar em cena. O espetáculo começa e quem está na platéia? Exatamente! O Vinicius! Sentando no colo da mãe assistindo atenciosamente. Terminamos a peça e voltamos para “casa”. Assim que chegamos, Vinicius estava lá dentro, já tagarelando sobre a apresentação “Vocês estavam lá dentro brincando na cabana” disse ele, se referindo ao inflável. Tomou café, almoçou e jantou com a gente. A mãe já estava preocupada. Vinicius tem olhos de quem não tem uma vida fácil. E na verdade não tem.

A aproximação criada conosco chegou a quebrar os nossos duros corações, chamava um de irmãozinho, e até falava que queria ir embora com a gente. Tudo isso na maior naturalidade e afeto que uma criança pode carregar. É na estrada que nos percebemos cercados por crianças e ficamos assim: cativados sem defesa. Seguíamos a todo momento esperando o Vinícius aparecer. Hora com a mãe. Hora com o pai. Mas na maioria das vezes, sozinho, mas os pais nos alertavam “Vinicius é muito danado e arteiro, viu?” Uma criança linda, cheia de energia e que conquistou nosso carinho e atenção!

Texto: Felipe Freitas (ator do espetáculo “A flor”)

Foto: Juliana Mara (Produtora)

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:30 de julho de 2012

E O MUNDO É UM CIRCO

… afirmo sem medo de errar.

Vai falar que não conheceu alguém que faz mágica para viver?

Ou alguém que vive na corda bamba?

Eu gosto daqueles que se arriscam como o trapezista, eles voam, parecem dançar ao vento. Mas eu fico com o palhaço, com toda licença senhor Palhaço, me arrisco a tirar umas risadas, percebi que a humanidade é bondosamente perversa com aquilo que não gosto em mim. Entrei no jogo e dancei de mãos dadas com as minhas feiúras, hoje elas me levam à beleza para a vida circense dos meus amigos. E eu? Ah… vou seguindo no contraponto do meu próprio ponto.

Texto: Peterson Ricardo (ator do espetáculo “A flor”)

Foto: Juliana Mara (Produtora)

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:23 de julho de 2012

PAU- DE- SEBO

Na cidade de Diamante do Norte aconteceu uma coisa engraçada! Alguns dias, antes de nossa chegada teve na cidade uma festa junina no mesmo local onde montamos a estrutura do projeto Circuito Estradafora e eis que colocaram um pau de sebo com uma nota de R$100,00 reais no topo…

Durante todo o dia de sessão não sabia onde tinha mais gente se era dentro do inflável prestigiando as sessões ou fora tentando pegar os R$100,00 reais, era criança montando de cavalo uma na outra, escadas pra lá, as pessoas faziam teses de que como conseguiriam pegar a tão sonhada nota de R$100,00 reais, e isso se estendia pra nossa equipe, afinal também ficaríamos felizes com uma nota de R$100,00 reais… rsrsrs

Deixamos a cidade e o pau de sebo, mas a saga não acabou partimos avistando a fila de crianças e adultos ainda tentando pegar o dinheiro…

Agora me fica aqui uma dúvida depois dessa experiência: Será que um dia chegaremos a ter mais brasileiros numa fila interessados em arte do que no dinheiro?

Texto: Peterson Ricardo (ator do espetáculo “A flor”)

Foto: Felipe Freitas (ator do espetáculo “A flor”)

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)


Postagem:19de julho de 2012

OS SONS QUE NOS INVADEM

O desconhecido é sempre um fator presente na nossa vida; artistas mambembes que escolheram a estrada como o próprio caminho de fazer e levar nossa arte. São muitas horas de trabalho e suor.  Acordar cedo, dormir tarde e vencer os imprevistos que encontramos pelo percurso.  Tudo isso acontece sem reclamarmos de nada. É acontecer um problema e já resolvê-lo, porque logo em seguida aparece outro e assim vai, tudo vale à pena quando o foco maior é deixar tudo pronto para realizar o nosso trabalho, nosso sonho sendo dividindo com tantas outras pessoas.

Moramos todos juntos na estrada. Dentro de um motorhome e quem ainda não se conhece, passa a se conhecer melhor, é inevitável saber dos mistérios e intimidades que existem no outro. Conhecemos as alegrias, tristezas, medos e tudo que escorre dentro do mais complexo e maluco ser humano. Tudo isso com muito respeito!  Tentando ao máximo entender os limites do outro.  Tarefa difícil, no entanto importante. Quando percebemos já nos tornamos uma família, como irmãos que andam lado a lado independentes dos percalços que encontrados pelo caminho.

Neste circuito, estamos ficando um dia em cada cidade. São cidades próximas umas das outras. Saímos de uma e rodando poucos quilômetros, chegamos até a outra. Tudo acontece nessa região na divisa entre o estado de São Paulo e do Paraná, estados, pra quem ainda não sabe, divididos pelo rio tão famoso e lindo: Paranapanema.  Este já é quase que um parente nosso, de tanto que o encontramos. É lindo! Grande e dependendo do lugar conseguimos entrar e como dizem por aí: lavar a alma. Aí sim!

Geralmente viajamos à noite, então quando chegamos à cidade, não temos tempo pra saber como que é o novo lugar. Instalamos o motorhome e dormimos. Somente no dia seguinte  vemos onde estamos. Isto para mim é como brincar de um jogo que nem sei como brinca. É meio maluco mesmo.

Certa vez, numa cidade (que não lembro o nome agora!), fiquei paquerando uma feira, com muitas pequenezas pra comprar do tipo bolsas, casacos, carteiras, meias, luvas, óculos de sol, óculos de grau, enfim tudo que chama atenção pra gastar dinheiro, que eu particularmente adoro, longe de ser um consumista, mas compro mesmo e gasto pouquíssimo levando muito.  Eu olhava pra feira amando, porém na correria não tinha como passear nela. Adormeci sonhando e ouvindo aquele barulho de gente pra lá e pra cá e na certeza de que no próximo dia faria uma visita e compraria um lindo chapéu que fiquei a namorar. Só que às vezes me esqueço de um detalhe que me deixa maluquinho por esquecer. Sabe qual é? A nossa casa anda. Ela não fica parada. E no dia seguinte, já habitávamos em outro local. Sem feira. Sem nada. Outro cenário. O som da tão deliciosa feira ficou na minha cabeça. Continuamos a voar, sem parar, como um pássaro que vai de galho em galho na maior liberdade que tem de voar. Batendo as asas pelo céu. Pelo mundo. Em outra ocasião um som ficou a nos invadir. Ou será que invadimos os locais que tem som?  Já nem sei. O fato é que a nossa “casinha” ficou no pátio de uma Igreja e ouvíamos o sino tocar a noite inteira. Teve gente acordando de hora em hora. Teve gente que deu risada. Teve de tudo. Até quando não gostamos do que nos rodeia, tentamos nos relacionar da forma mais bem humorada possível. Porque é assim. Tem lugar que dá medo.  Muito medo. É escuro. Vazio. Sinistro. Parece que vem chegando fantasma, fruto da imaginação! Tem quem ouve coisas que não existem. E há quem ouve coisas que a gente prefere que seja mentira, que realmente não exista.

Rodoviárias estão sempre conosco. Muitas vezes montamos o projeto perto delas.  Encontros e Partidas. Como nós. Às vezes da janela, ficamos ali observando e admirando aquele povo que chega e vai embora. Aquela gente que chora e sente alegria. Sempre me identifico quando estamos perto das rodoviárias, aquele barulho de ônibus chegando, estacionando, acelerando pra ir embora. As malas. O aceno de até logo, Adeus ou valeu! Uma fila pra comprar passagem. O sorriso de canto da boca. Aquela gente que chega com olhos de ficar pra sempre. Que não vai embora. É como se o novo porto dessa margem a um novo sonho. Fico olhando, onde o próprio cenário externo acaba sendo a minha televisão, já que não sou muito fã desse tal aparelho, me divirto e me emociono com lembranças dos amigos queridos de Campinas, da minha mãe, dos meus irmãos, das pessoas a quem eu quero bem e que fazem parte da minha vida.

Como já disse, vemos de tudo. Andarilhos. Gente de todas as loucuras. Bêbados engraçados. Religiosos que gritam na rua contestando a sociedade, brigando com o mundo. Passam o frio da madrugada. Cantam. Escutamos tudo! Alguns até batem a nossa porta. Temos que ter muita paciência para lidar com cada caso. Afinal, somos nós que estamos chegando. Não tem como julgá-los como maldosos, são pessoas que por infinitos motivos moram nas ruas. E que também podem entrar e assistir ao filme, ao espetáculo. Aprendamos com cada momento. Tudo é muito válido!

Há lugares em que assistimos a uma partida de futebol no campo, na quadra, crianças brincando, onde existe muita paz e pouca movimentação.  Silêncio! Procuramos arrumar logo um jeito de afastar o tédio, ou não também, o próprio silêncio e a paz são perfeitos no momento em que os neurônios acabaram de se despedir de uma cidade super barulhenta.

O vento é um som que sempre nos acompanha. E pra mim quando ele ta forte é Deus avisando que podemos ficar tranqüilos, despreocupados, pois ele tá arrastando  e desfazendo tudo que não é bom pra outro canto. Quando ta leve é um carinho no rosto. E quando é ventania, ixi, ai sai de baixo, por que não há quem segure tamanha revolta. rsrsrsrsrsrs

A estrada sempre nos cerca de lindos sons. Basta estarmos em prontidão de recebê-los e acompanhá-los como uma música num rádio antigo recheado de canções, antigas, novas e cheia dos mais variados detalhes. Tocando constantemente. Enganam-se quem acha que ela pára com a pilha quando acaba, ou até mesmo se está fora da tomada. Acaba quando nós, mambembes desistimos de perceber as belezas que o mundão nos oferece. Sempre é tempo de esperança. Sempre é tempo de música. Independente de como ela esteja tocando…

Texto: Felipe Freitas ( ator do espetáculo “A flor”)

Foto: Peterson Ricardo

Produção: Juliana Mara

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:10de julho de 2012

Reencontro de estrada

Só mesmo a estrada é capaz de nos transportar a universos tão desconhecidos e singelos. São lugares internos e externos que nos propõem a refletir não somente o valor da nossa arte, mas também o sentido do nosso ofício. No ano passado, tive o prazer de ministrar as oficinas de “Jogos Teatrais para sala de aula’’ destinada aos professores das escolas e apresentar o espetáculo “Trilhos que eu mesmo fiz”. Por onde passávamos éramos reconhecidos e chamados pelos nomes dos personagens do espetáculo, que faziam sucesso e encantavam as crianças que, decoravam inclusive as canções que embalavam o espetáculo. Nas oficinas, muitos professores agradeciam a possibilidade de participar de uma prática tão diferente do universo que estavam acostumados que são geralmente, palestras e outros cursos teóricos e as oficinas propunham uma atividade prática que através dos jogos de teatro possibilitam um olhar mais sensível e humano dentro da sala de aula, partindo do próprio indivíduo. Ministrar essas oficinas na verdade é uma troca constante. Um aprendizado sem fim, ver que muitos educadores se mostram desinteressados com o próprio ensino, outros ainda lutam e vibram por uma educação, onde o certo e errado, apontamentos e ditar regras, não fazem parte da busca pela transformação do ensino do nosso país. Em muitas cidades, eu tive vontade de carregar junto comigo alguns professores por tamanha competência, preocupação e entrega, e acima de tudo um amor incondicional pela profissão tão difícil e desgastante nos tempos atuais.

Este ano, retornamos a estrada. Mas também retornamos a cidades que ano passado havíamos estado com o nosso projeto. Sair levantando poeira pelos caminhos, atravessar rios, fazendas e montanhas e chegar até a cidade, descer da nossa casa itinerante e sermos reconhecidos depois de quase um ano pelos personagens do ano passado é uma sensação inexplicável, um misto de felicidade, uma magia, um brilho que trocamos, e é claro que também nos lembramos de muitas destas crianças, acho que é aí que de fato acontece o encontro.

 E saber que mais uma vez estaremos juntos, só que agora com outro espetáculo “A Flor’’ é instigante e novamente um marco na memória. Uma emoção sem fim. De repente, uma delas se aproxima, vem e nos contam do inicio ao fim a experiência que teve de assistir pela primeira vez que viu um espetáculo de teatro, o nosso. Passamos por regiões onde o acesso à arte normalmente passa longe das prioridades, são municípios que muitas vezes chegam a 2 mil, 3 mil  habitantes.  Ficamos gravados na memória  de muitas crianças, num período tão importante que é a infância e isso, nos faz acreditar ainda mais no nosso trabalho e na responsabilidade que ele proporciona.

São crianças que acompanham a montagem, tentam assistir todas as sessões, sentem saudade antes de irmos embora e se entristecem na desmontagem, outras só ficam sabendo da nossa partida no dia seguinte, quando no lugar onde existia uma carreta teatro volta a ser um espaço cotidiano, o qual vêem todos os dias. Gostamos mesmo de conversar com todos que nos cercam, saber dos sonhos, dos conflitos, das vontades, dialogamos igualmente, eu com uma humilde pretensão de estimular tudo que é imaginário. É um trabalho que exige muito. Exige ser inteiro. Não da pra ser metade. E reencontrá-las só, nos cria uma aproximação maior e ter ainda mais fé.  As professoras que tanto quis carregar no colo também apareceram, algumas vi passar na rua e cumprimentei com um simples ‘’oi’’, ‘’tudo bem?” “como vai?” outras acenavam timidamente, já outras se arriscavam em me abraçar, agradecer e diziam com o olhar ou palavras o quanto aquele encontro havia sido importante, uma lembrança e também uma esperança de acontecer as oficinas mais uma vez. Não esqueço o sorriso e o afeto que recebemos quando fazemos o nosso ofício de coração aberto e comprometido com o trabalho. Revisitar cidades por onde passamos, me balança tanto que cambaleando as pernas fico a escrever e fazer reflexões do quanto ainda preciso aprender e buscar, mas no entanto acreditando e vivendo uma grande experiência.

Texto: Felipe Freitas ( ator do espetáculo “A flor”)

Produção e foto: Juliana Mara

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

Postagem:04de julho de 2012

ESCAPADINHA DA ROTINA

 Além do domingo de sol na pequena cidade de Paranapoema também fomos surpreendidos pelas crianças nas duas sessões de teatro, alguma delas  já havíamos conhecido no ano passado…

Aproveitamos a energia transmitida por elas e o momento do almoço para fazermos contato com os nossos companheiros que estão circulando com o outro projeto também aqui pelo Paraná e São Paulo. Uma estrutura de um barco de 10 metros  onde são contadas e cantadas lendas do nosso Brasil é o projeto Lendas Brasileiras 2012 – espetáculo  Arca da Mata. Assim resolvemos escapar um pouquinho da nossa rotina e partimos para Ibirarema. Nós que acompanhamos a correria dos ensaios ainda em nossa sede antes de voltarmos para a estrada Assistimos o treino da perna de pau com Vanessa Paião (atriz), a apresentação de Tatiana Rocha (cantora) e a banda dos embriões das canções e o barco que ainda estava sem o cenário; toda a preparação, a criação e a vontade da equipe…e agora assistiríamos a apresentação com tudo:  luz, som, canções completadas, figurinos e o melhor: com o público.

No carro o finalzinho de tarde era perfeito e torcíamos ansiosos pelo segundo dia de apresentação dos nossos amigos… Não era só mais uma apresentação, mas também a nossa presença diante daquele espetáculo que só tínhamos visto um pouquinho e ficamos com a curiosidade de vê-lo finalizado. Atravessamos o rio Paranapoema que divide São Paulo e Paraná e depois de passar por uma longa estrada de terra chegamos até a pacata e inesquecível Ibirarema…

As cadeiras preenchiam a rua, o público chegava aos pouquinhos; a moça, o rapaz, o casal de senhores, o barco sendo iluminado por uma lua incrivelmente linda, aquele corre-corre da preparação dos artistas, o Jorge (diretor) pra lá e pra cá, o Antônio (produtor) gravando depoimentos, a Vanessa fazendo maquiagem e nós que ali chegávamos encantados com aquele momento mágico de preparação que mais parecia o nosso Auto de Natal. Nem tivemos desculpas quando Tatiana Rocha nos intimou a fazer a maquiagem dos músicos, nosso espírito de irmandade foi imediato, riamos, parecia mesmo que íamos apresentar junto com eles, e não é que acabou sendo assim? O Boitatá que saiu da platéia vibrando, dançando com o povo era a gente embaixo dele. Exatamente, Peterson e Eu! Os meus olhos que já brilhavam de tão emocionado que estava por assistir aquele espetáculo, fazer parte dele me fez realmente me sentir radiante, cantei o que lembrava, estimulei as crianças a conhecerem a Cuca, rezei com a música do Negrinho e chamei à senhora pro forró na música da Curupira/Caipora encerrando um lindo e maravilhoso espetáculo sobre as lendas com letras de Jorge Luis Braz…

Texto: Felipe Freitas ( ator do espetáculo “A flor”)

Produção: Juliana Mara

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

 Foto: equipe Arca da Mata

Postagem:27 de junho de 2012

Todos em um só ritmo: o da arte.

Em meio ao tédio causado por muita chuva, o sol voltou a brilhar. Estou me referindo a mais um prazeroso encontro. Nossa trupe conheceu a professora Letéia com suas alunas que fazem parte de uma oficina de dança. O grupo que tem como filosofia o desenvolvimento humano e físico, tendo todas as orientações necessárias sem se prender na técnica rígida exigida do balé, afirma a professora Letéia e foi com muita satisfação que pudemos conhecê-los.

Ver os olhos daquelas meninas que gostavam do faziam não porque queriam ser profissionais, mas sim, porque viam ali a oportunidade de ser alguém, numa mistura de dança e alma, regida pela ponta de pé de Letéia, realmente foi encantador.

No lugar simples onde elas ensaiavam, o percebi como um templo, onde elas conseguiam sintonizar ali depois de horas de trabalho ou estudo suas energias e seus prazeres, juntas, reunidas celebrando através da sapatilha seu ritual.

Havia meninos que mesmo com preconceito se renderam ao sabor da música e cultuavam sua cultura de rua, onde o clássico também dava lugar ao hip hop e a mistura acontecia ali, o universo masculino e feminino se misturando com a universalidade da musica e da dança, reunindo todos em um só tom, em um só ritmo, em um só passo.

E todos os rostos ainda dançam em minha mente, ao som da chuva.

Nantes – 22-06-2012

Texto: Peterson Ricardo ( ator do espetáculo “A flor”)

Produção: Juliana Mara

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

 Foto: Juliana Mara

Postagem:20 de junho de 2012

Postagem:29 de maio de 2012

“O POETA ANALFABETO”

É difícil definir a mistura de sensações que os encontros das estradas nos proporcionam. Na cidade de Leópolis um fato nos chamou muito atenção, ficamos sabendo de um morador que se tornou poeta depois muitos anos. Logo a nossa produtora Juliana Mara foi buscar informações a respeito, fez de tudo, até que Rosimere Marcondes (ex- Secretária Educação) ficou de combinar com ele uma visita ao nosso motorhome.

Fomos às ruas, fizemos a intervenção, cantamos e voltamos pra ‘casa’, pois uma chuva leve ameaçava cair. Assim que chegamos, ouvi alguém bater, e quem era? O Sr. João de Oliveira, mais conhecido como “O Poeta Analfabeto”.

Pois o Sr. João entrou, sentou e meio a um café de tarde, tranquilamente começou a nos contar sua história. E que história, eu diria! João de Oliveira é paranaense, filho de Leópolis, nascido e criado na cidade, com orgulho imenso de ser Leopolense. Sempre tentando superar limites, João começou a estudar depois de adulto, mal fazia assinatura do próprio nome, ele ditava seus poemas a sua filha para que ela os escrevesse.

Um terço da vida João passou cortando cana, um serviço muito duro e penoso, no entanto, era o que tinha por não ter “estudo” e onde também ganhava um pouquinho mais e possibilitava sustentar a família. Embora seja um serviço pesado, o poeta define o trabalho como divertido, “todo mundo sempre junto, brincando, passávamos mais tempo cortando cana do que com a família. Eu acordava 5 horas da manhã e voltava à noite. No ônibus, eu voltava criando músicas e poemas na minha cabeça. Tudo na cabeça pra depois passar no papel”. Rosimere Marcondes foi a primeira professora e diz que desde o inicio ele sempre demonstrou muita força de vontade, foi ela quem acompanhou a conquista do maior tesouro do artista: a sua alfabetização.

É claro que vou dividir com vocês aqui no blog um dos poemas. Ai vai um dos mais famosos e conhecidos:

“O POETA ANALFABETO”

Ai meu Deus como eu queria ter um pouco de dinheiro

E conhecer as maravilhas que tem no chão Brasileiro

Eu sei que este meu País está cheio de beleza

Mas eu sou um pobre infeliz, que estou cheio de pobreza

Tem gente que tem avião, tem prédio e tem carro importado

Eu só tenho um coração que sabe amar meu Estado

Não me sinto revoltado, procuro até ser gentil

Pois nos sonhos que tenho guardado

Está cheio de Brasil

Brasil do samba, das praias e de tantas belezas

Do verde da Amazônia, um cheirinho de natureza

Em meio há tantas belezas,

Eu me calo e fico quieto

Sou um pobre sem defesa

Sou um poeta Analfabeto

Porém eu tenho um grande tesouro

Do qual eu não abro mão

É o lindo verde amarelo

Que cobre meu coração

“A poesia é uma forma de expressar meus sentimentos, minhas alegrias. Sou apaixonado por ela. Ela entrou na minha vida de mansinho e foi tomando conta. Hoje eu não consigo mais viver sem ela” João de Oliveira

Nós do grupo Teatro de Tábuas ficamos emocionados com este encontro e somos muito gratos pelos poemas e toda atenção que nos deu Senhor João! Agradecimentos também a professora Rosimeire e à todos que nos acompanharam  nesta jornada! Valeu Leópolis!

Texto: Felipe Freitas ( ator do espetáculo “A flor”)

Produção: Juliana Mara

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

 Foto: extraída do curta metragem da história do senhor João.

Postagem:22 de maio de 2012

Para que o dia acabe bem e feliz!

Nossa passagem pela tranqüila Sertanópolis foi justamente assim; sem grandes imprevistos, tudo tão calmo que entre nós da equipe até desconfiávamos…

Na quinta-feira fizemos uma intervenção para divulgar as sessões abertas do dia seguinte, cantamos e cantamos, no retorno, chegando quase já na estrutura do projeto, resolvemos parar na frente de um supermercado, e quando já estávamos saindo, ouvimos:

“Volta aqui, vem alegrar um pouco mais a nossa noite!”

(Frase de uma das balconistas do supermercado)

Voltamos, cantamos, o sorriso era lindo, como era prazeroso proporcionar alegria para aquelas pessoas que já estavam cansadas após um longo dia de trabalho. Os aplausos foram deles, mas quem deveria ter aplaudido éramos nós, aplausos daqueles que mesmo dando um duro danado não perdem a esperança de que o dia acabe bem e feliz.

Chegando a nossa casa andante estavam à nossa espera, a Mariquita e a Cleusa que fazem parte da APAC – Associação de Proteção à Arte e Cultura, de Sertanópolis. O objetivo do trabalho consiste em proporcionar oficinas de teatro, música e artes plásticas às crianças e jovens, um contato mais permanente de informação. “Uma resistência que já está sendo rompida pelas crianças”, diz Mariquita. A ONG, que existe a 5 anos ‘vem ganhando espaço não só na cidade como também no estado”, segundo Cleusa.

Como é bom ver pessoas dispostas em levar a oportunidade do encontro com a arte e o encantamento que ela proporciona às crianças, que naturalmente ao crescerem vão perdendo a capacidade de imaginar. Parabéns pelo trabalho!

A intervenção na foto foi  na cidade de Jacarezinho!

Mais um dia de trabalho que terminou com um pouco de cantoria!

(e esperamos que alegria também, rsrs!!)

Texto: Felipe Freitas ( ator do espetáculo “A flor”)

Revisão: Suiara Zamarioli (Diretora de comunicação)

 Foto: Arquivo Equipe Estradafora

Postagem:09 de maio de 2012

NOVIDADES

Só para situar! 

Depois de uma semana de pausa em nossa sede em Campinas-SP, retornamos para a estrada…

Sabe quanto tempo ficaremos?

Um mês. Sim, exatamente um mês na estrada, sem voltar pra casa!

E todos nós, companheiros de viagens convivendo juntos em todos os sentidos: acordar, dormir, cozinhar, tomar café, arrumar as coisas básicas, (tarefa complicada às vezes, muito difícil deixar tu-do organizado). No dia-dia encontramos bolsa num lugar, um pé de sapato no outro (ops…um pé? aff …mas cadê o outro?) meias na cama de não sei de quem… aquela loucura e por aí vai… Bem coisa de itinerante mesmo.

São os prazeres e as dificuldades da estrada também! rsrsrsrs

E sabem o quê mais?

Agora nesta volta teremos uma nova moradora: Juliana, nossa nova produtora que vem lá de São José dos Campos pra acompanhar o projeto e fazer parte dessa aventura!

Onde estamos agora?

Em Itambaracá… já teve sessão de cinema e teatro! E outra novidade é que terá mais, ficaremos aqui até sexta-feira!Mudanças na logística, imprevistos de itinerantes!

Abraços companheiros de viagem!

Texto: Felipe Freitas

Revisão: Suiara Zamarioli

Foto: por algum morador solícito! Agradecemos!

Postagem:30 de abril de 2012

Encontros: Salto Grande

A passagem por Salto Grande-SP foi recheada de poesia.

Saímos com nossa intervenção pelas ruas da cidade passando pela rodoviária e pelo tradicional e conhecido Bar da Curva, fizemos as canções e batucadas em cima do palco localizado em frente ao encontro dos rios para as pessoas que ali estavam. Eita Alegria! Bom demais!

“Falar de Salto Grande…

É falar de poesia e louvor,

encontro de amigos,

e acima de tudo: ALEGRIA, das garças

ao entardecer, da brisa ao amanhecer,

de flores, amores, de encantamento, divertimento

É falar da vida e seus valores”

Rogério Guerra – Salto Grande SP (Bar da Curva)

Texto: Felipe Freitas

Revisão: Suiara Zamarioli

Fotos: Natália Alfer

Encontros: Jacarezinho

Entre montagens e desmontagens e na correria do projeto não deixamos de aproveitar a passagem por Jacarezinho. Nós, que já havíamos passado por lá com o projeto Auto de Natal 2011 “Humanos, Anjos e Lunáticos” e não pudemos conhecer a cidade pelo curto tempo de permanência na cidade, desta vez, aproveitamos o período da noite após a intervenção para conhecer a turma do Curso de Arte Dramática do campus do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Lá batemos um papo com o diretor José Quaresma e com os alunos sobre o Teatro e seus desdobramentos. Chegar à cidade e saber que outras pessoas também se preocupam em fazer teatro é um presente para nós. O espaço onde são realizadas as aulas, ensaios e experimentos, chama-se Cine Teatro Iguaçu.

No dia seguinte recebemos a visita de parte da turma na estrutura do Projeto Circuito Estradafora. Além de assistirem a apresentação do espetáculo ”A Flor” também puderam conhecer nossa casa sobre rodas, o Motorhome. Foi um encontro muito prazeroso com todos! Esperamos voltar o quanto antes! Deste encontro, nosso técnico de som e luz Daniel Dias acrescentou: “O melhor do encontro foi saber que temos amigos em comum. Pessoas de longe de mim, que conhecem pessoas de tão perto”. Mundo pequeno este sabiam?

Texto: Felipe Freitas

Revisão: Suiara Zamarioli

Foto: Equipe Circuito Estradafora

Postagem: 23 de abril de 2012

UM ERRANTE NA COXIA

Da coxia se ouvia vozes, parecia-me que eram milhares de dezenas de centenas de crianças entrando por aquela porta invadindo a carreta como homens com sede após muito tempo no deserto.

O silêncio foi solicitado e atendido, da coxia espiava aqueles olhos que ainda brilhavam como se estivessem com sede e a fonte estivesse a dois dedos de cada mãozinha, e logo, muito em breve se saciariam.

Dou aquela ultima respirada, peço proteção e começo a missão. Quando meus olhos se encontram com o daquelas crianças percebo que eram poucas, bem  menos do que pareciam ser, descubro então que elas se multiplicavam na vontade de saciar sua sede.

Volto rápido o foco para meu oficio e enquanto me doo me percebo também recebendo. A sede não era de algo material, era sede de algo impalpável, que eu, na minha mediocridade conseguia de alguma forma proporcionar certo alívio.

Os aplausos chegam ao final do espetáculo, somados a gritos e muitos gritos, pois bem, elas estavam saciadas, mais do que elas, eu me sentia repletos, transbordantes, haviam tirado de mim a sede da vontade de ser alguém de fato no mundo, que por 50 minutos sentia que estava fazendo algo por alguém, por aquelas que queriam sorrir, pois bem juntos sorrimos durante 50 preciosos minutos.

O papel do artista fica cada vez mais difícil pra eu tentar definir, descrever, mas o que consigo pensar diante das centenas de olhinhos é de que a arte é o oficio que ultrapassa a matéria e toca com sutileza a alma do espectador.

Texto: Peterson Ricardo

Revisão e Foto: Suiara Zamarioli (Peterson Ricardo no espetáculo ” A flor”)

Postagem: 20 de abril de 2012

Bernardino de Campos

Rapidinho, rapidinho, bem rapidinho só pra contar da nossa passagem por Bernardino de Campos. Nesta cidade acontece o FESTAR – Festival de Teatro Amador de Bernardo de Campos que está na oitava edição! Quem organiza o evento é a Cibele (Secretária de Cultura que nos recebeu também muitíssimo bem!) fomos convidados a assistir ao evento que será realizado em Junho. Grupos de vários lugares participam e tem até premiação. Tentaremos prestigiar! Merda a todos e parabéns pelo projeto, que ele possa acontecer por muitos e muitos anos!

Chegando à cidade o Peterson (ator), responsável pelo registro em vídeo da viagem, não perdeu tempo e foi visitar uma aula de dança com o pessoal da terceira idade, conversou, filmou e voltou empolgado nos mostrando a gravação!

Flagra

Nas minhas idas e vindas da estrutura – motorhome – estrutura ouço um som vindo da casa que nos foi dada como ponto de apoio. Curioso vou me aproximando, aproximando… Paro. Presto um pouco mais atenção. Ando um pouco. Fico na porta, só ouvindo. Prestando atenção. Vou passando mais um pouco, e adivinha quem é? O Douglas, nosso montador que trabalha na desmontagem e montagem da estrutura. Sim, o Douglinha (assim o chamamos) ensaiando com seu violino tocando lindamente. Além desse maravilhoso presente, ainda nos fez um delicioso bolo de fubá que logo foi devorado! Eu estou passando bem…rs rs rs…muito bem…

Texto e foto: Felipe Freitas

Revisão: Suiara Zamarioli

Postagem: 16 de abril de 2012

Olá, amigos do blog!

Estamos aqui em Cerqueira César, mais uma cidade do nosso roteiro, mas antes eu quero contar um pouco da nossa passagem por Arandu -SP, onde, fomos muito bem recebido. Assim que chegamos e prontos para começar a intervenção de divulgação pelas ruas da cidade, surgiram 3 crianças que vieram conversar conosco, que também estavam de passagem pela cidade, eram da família Circo Rapadura.

Fomo convidados à visitar suas casas, que na verdade são traillers também, parecidos com a nossa “casa”, o motorhome. O convite também foi para assistir ao espetáculo. Eu fui registrando todas as cenas: o palhaço Pimentinha, o número de tecido acrobático, número de mágica, cenas do palhaço Xereta e outras.

O público de Arandu lotou as cadeiras da lona. Ao final, quando todos iam embora, ficamos para um breve bate-papo com um cafezinho especial, onde compartilhamos muitas histórias em comum sobre as estradas e rimos muito delas. Um encontro rápido, mas que já ficou marcado na nossa história!

Valeu pessoal do Circo Rapadura, até a próxima!

E claro, uma foto pra registrar o encontro, com todos, ops quase todos da família Circense! rs

Texto e fotos: Felipe Freitas

Postagem: 11 de abril de 2012

Oi para todos que estão nos acompanhando!

O projeto Circuito Estradafora retorna à estrada.

Neste momento estamos aqui em Fartura- SP. O projeto está sendo muito bem recebido, o público comparecendo em peso lotando nossas cadeiras do teatro-inflável. O nova cobertura inflável tem feito bastante sucesso, com seu novo formato, está ainda olhos do mais parecido com uma casa de espetáculo real.

Aqui, nós e os moradores estamos sendo surpreendidos com a brusca mudança climática; calor e frio em meio ao vento forte que passa se revezam.

As ruas de paralelepípedo são um convite a um passeio de bicicleta ao final da tarde junto com um picolé. O ”bom dia” e o‘‘boa tarde’’, típicos do interior, que são dados mesmo sem se conhecer o outro e que faz parte da boa recepção das pessoas, nos surpreendem.

Invadimos também as ruas de Fartura com uma performance para divulgar as ações do projeto e chamar mais a atenção de quem ainda não está sabendo, para que a oportunidade de participação fosse percebida e aproveitada por todos!

E hoje ainda têm espetáculo? Têm sim senhor!

Nosso novo inflável!

Performance de divulgação!

Texto: Felipe Freitas (ator do espetáculo “A flor”)

Fotos: Eduardo Viana e Felipe Freitas

Revisão: Suiara Zamarioli

Postagem: 15 de março de 2012

Olá amigos e companheiros de viagem!

Agora pronto, começamos!

A segunda cidade foi Itatinga-SP, entre uma correria e outra, fomos em busca de conhecer os artistas da cidade e encontramos o ator João Pinto. O encontro nos proporcionou uma conversa, documentada em vídeo, sobre sua trajetória, falando um pouco sobre os caminhos que trilhou no teatro e como foi parar em Itatinga trabalhando na área de cultura.

O nosso técnico de luz e som Daniel Dias, nos apresentou João Vitor, um garoto de 13 anos que esperava pra assistir a ultima sessão de cinema e compartilhou seu interesse por malabares, perna de pau, teatro e o seu grande sonho de ser jogador de futebol. É claro, que registramos tudinho!

Após a ultima sessão de cinema a convite do ator João a equipe encerrou a estadia em Itatinga numa pizzaria local, regada a muita conversa. Assim partimos na nossa casa (Motorhome, nossa casa sobre rodas) observando as esquinas, avenidas e lugares de Itatinga ficarem distantes.

Esse é só o início de muitas histórias pra dividir com vocês aqui no blog…
Felipe Freitas – Ator

O Ator João Pinto fala sobre como é ser Ator em Itatinga

João Vitor revela seus sonhos e se diz encantado com o nosso projeto

Postagem: 15 de março de 2012

Amigos,

Cidade de Angatuba-SP: é aqui onde o projeto Circuito Estradafora em 2012 começa…

Estréia do espetáculo “A Flor”, com um público empolgado, entrosado e participativo que ao final nos procurou para conversar e saber mais sobre a apresentação…

Separei algumas fotos dos bastidores pra que possam acompanhar como foi esse primeiro contato do espetáculo com o público.

Vamos seguir viagem!

Felipe Freitas – Ator

O Circuito Cultural Duke Energy 2012

O Teatro de Tábuas, ONG sediada em Campinas/SP, juntamente com a Duke Energy, concessionária geradora de energia elétrica operando 8 usinas ao longo do rio Paranapanema novamente neste ano irão levar às cidades ao longo do rio paranapanema o Circuito Cultural Duke Energy 2012, com o Projeto Circuito Estradafora. Esta iniciativa, que compõem um esforço da companhia e da ONG no sentido de difundir a cultura e valorizar manifestações artísticas de diferentes naturezas, prevê o convite a 54 cidades para realizarem o roteiro deste ano.

Programação de Março

01 – Angatuba – SP – 06 a 08 de março de 2012

      Local: Praça Monsenhor Ribeiro

02 – Itatinga – SP -09 de março de 2012

     Local: Calçadão da Praça da Matriz

(DEVIDO A PROBLEMAS TÉCNICOS AS DATAS DO MÊS DE MARÇO SERÃO ADIADAS,

LOGO INFORMAREMOS A NOVA PROGRAMAÇÃO) ATUALIZADO:12/03/2012 AS 9:00h

  Espetáculo ” A flor” do Grupo Teatro de Tábuas.

Foto: Suiara Zamarioli

24 pensamentos sobre “Circuito Estradafora 2012

  1. Quero dar os meus PARABÉNS a todos do Circuito Estrada a Fora , e claro também a Cia Teatro de Tábuas pelo grande trabalho de vcs.
    Adorei o espetáculo A FLOR… dei altas risadas.. e claro tbm curti muito os filmes depois.. hehehe
    Que Deus continue os abençoando cada vez mais …
    Foi muito bom fazer amizade com pessoas tão simpáticas como vcs e alguns outro que conheço do Teatro tbm…
    Espero ver vcs de novo ainda este ano aqui na cidade de Itambaracá-Pr com o AUTO DE NATAL 2012…
    Que Deus venha sempre iluminar a vida de todos vocês… Espero reve-los sempre ..

    PARABÉNSSSSSSSSSSSSSSSSSSS *-*

  2. Pingback: Última semana de maio « CIRCUITO CULTURAL DUKE ENERGY

  3. eu achei o filme muito legal, divertido, apesar de eu ter assistido o filme em casa, a sensação de assistir junto a um monte de pessoas e em tela grande o filme fica mais legal ainda…..
    Eu também assisti o espetáculo (A flor) e achei muito divertido também pois todos expressavam o que queria diser em gestos….

  4. Eu gostei muito do teatro, e do filme….e o que eu mais gostei foi da carroça…
    Eu adorei e quero que vocês voltem aqui em Cruzália sempre!
    Camilo Zandonadia, 12 anos

  5. POR FAVOR, GOSTARÍA-MOS QUE TIVESSE ATIVIDADES PARA OS ADULTOS A NOITE, PRINCIPALMENTE TEATRO. POIS, MORAMOS NUMA CIDADE MUITO PEQUENA E NÃO TEMOS OPORTUNIDADE DE VER PEÇAS TEATRAIS. HELOIZA E TÂNIA.

Deixe um comentário